O Projeto Nú

Essa semana butucando as coisas na internet, achei esse projeto super bacana. Simplesmente amei a ideia. O "The Nu Project" é um projeto do fotógrafo Matt Blum onde são fotografadas mulheres “normais” em seu ambiente cotidiano. Não há modelos, maquiagem, retoques ou truques. Somente a beleza de mulheres reais em meio às suas inseguranças, diferenças, personalidades.

Algumas poucas fotos do projeto, pra vocês verem:





Gostaram do Projeto? Se sim, tem mais aqui e aqui!!

Beijos e boa noite!!




Sobre o Gladir Cabral

Boa noite, meus amores...

Finalmente de férias!! Da faculdade, eu quis dizer... rsrsrsrsrsrs...

Hoje eu vim compartilhar com vocês sobre uma grande referência literária, em termos de autoria, em se tratando de música brasileira cristã, e no geral também, porque não??  
A primeira música que conheci foi Casa Grande. Interpretada por João Alexandre (outro ferinha). Depois descobri que a canção não era do João e sim do Gladir Cabral - a minha indicação de hoje. E descobri também, que além de escrever tão bem...ele canta, e lindamente.

Eu não podia deixar de mostrar pra vocês também. Deixo aqui, algumas das canções que mais gosto. 

Espero mesmo que gostem! 
Beijos!


CASA GRANDE


REI DO UNIVERSO


PAZ E COMUNHÃO



Diário Fotográfico #23



Deus deve ter me feito no vai-e-vem dos quatro ventos. Só isso explicaria a minha instabilidade, minha falta de chão. Eu voo. Eu vou com o vento. É, eu sou do tipo volúvel, ando mudando de lugar. Tudo bem, eu sei que ser meio instável não é lá uma característica das mais sublimes que alguém pode ter. Mas, eu sou. Talvez seja um dos meus lados errados ou talvez não esteja usando a definição certa ou talvez eu seja volúvel em um sentido mais leve da palavra. Eu mudo constantemente, ando me adaptando a mim mesma de vez em quando. Eu quero demais, não gosto de meios, entre duas metades há sempre um vácuo. Não gosto de faltas, não sei lidar com ausências, sou de tato. Quero muito e quero intenso, vou pra onde escuto o coração gritar mais alto. Vou pra onde os braços são mais abertos e o abraço é ninho – que esquenta. Vou pra onde o sorriso é mais largo e os olhos brilham mais. É, eu sou do tipo volúvel, e isso não é falta de personalidade, é sobra, acredite. Apesar de borboleta, apesar de efêmera feito uma flor de anêmona, meus amores são de verdade e, apesar de poucos, são intensos. Sou cara pro sol, sou vento nos cabelos. Vou mais pelo que sinto, atropelo o que vejo. Sou do tipo que parte, sem nunca ter chegado. E Deus deve ter me feito em cima da corda bamba. Só isso explicaria meus passos miúdos, minha pressa em caminhar devagar. Eu vou e não importa se vou querer voltar, eu quebro a cara se for preciso. Eu me despedaço, eu me deixo despetalar. No fim, eu me refaço. E recomeço. Sempre flor. Sempre inteira. Se isso tudo é ser volúvel, eu sou. Se isso é defeito, eu assumo. Vou mesmo contra a corrente, aprendi a ser teimosa.

Simone Oliveira.

sobre dias tristes


Esperou a luz do abajur se apagar,
e caiu no choro
Era tanta lágrima, que de pranto esvaziou-se,
esvaziou de tudo que guardara daquele dia. 
Chegou com anseio
e voltou desocupada, vazia.
Mais ardente. Sem esperança!



Sobre os acontecimentos



Fechou o portão, consultou a hora no visor do telefone celular e caminhou a passos largos em direção ao ponto de ônibus. O calor de início de tarde escaldava, mesmo os que se abrigavam à sombra. Não teve que esperar muito pois, por sorte, a condução logo chegou. Subiu, pagou a passagem com seu cartão de estudante e, durante esta operação, escaneou o interior da condução em busca de um lugar à sombra. O transporte estava quase vazio, meia dúzia de passageiros pingavam entre uma poltrona e outra. Escolheu um assento do lado esquerdo, cujo fator de estar à sombra foi decisivo. Deteve-se. No lado oposto, exposta aos inclementes raios solares que atravessavam as janelas, uma moça lhe sorriu.


Olá, disse a moça do sorriso hipnótico.
Olá, tudo bem? Respondeu ele timidamente.



Sentou-se e iniciou uma busca em sua memória: de onde a conhecia? Sabia que sim, mas, de onde? Tal rosto, radiante como as felizes manhãs, não poderia ser facilmente esquecido, pensou. 



O ônibus deu uma guinada à esquerda e a poltrona onde tinha sentado ficou exposta ao sol. Agora a dela gozava da sombra. Hesitou por alguns instantes, levantou-se e sentou do outro lado, vizinho à conhecida incógnita. 



Oi, começou ele, te conheço mas não lembro de onde.
Também te conheço, talvez seja do Facebook, respondeu a moça.
É isso, do Facebook. Interessante como vivemos. Eu, por exemplo, continuou ele, tenho mais de 1200 “amigos” virtuais mas, muitas vezes, encontro algum pela rua e nem nos falamos. Coisas dessa era na qual vivemos: muito virtual e pouco real. Você faz comunicação? 
Publicidade e propaganda.
Desculpa, esqueci seu nome. Lembro dos rostos, mas esqueço os nomes.
Ah, eu também. Me chamo L. E o seu? Também esqueci, riu.
A. Não esquecerei mais seu nome.
Chicletes? Ofereceu a moça.
Não, obrigado. Estou usando aparelho ortodôntico e não posso mascar chiclé. 



Retornaram para seus mundos: ela se dividia entre os fones de ouvido e uma leitura que falava sobre fé e ele, após fazer algumas ligações, abriu um texto que tratava sobre a obra de Dostoiévski. O ônibus dobrava esquinas, recebia e despejava passageiros e eles permaneciam ali, timidamente isolados. Ele não conseguia se concentrar na leitura, sua cabeça girava naquela pequena brecha de tempo, espaço, mundos de possibilidades... Pensou em como os seres humanos vivem isolados, a despeito de toda a tecnologia de comunicação que atualmente dispõem. Ilhas cercadas de ilhas, concluiu ele. Viviam conectados a milhões de facers, emails, números de celulares e toda a parafernália comunicativa que absorvia suas vidas. Ilhas de solidão e desejo, reféns de uma gaiola de aparência e de necessidade de sucesso. Atualizam seus perfis, postam fotos, citam autores famosos e, após o Shot down no sistema, respiram um pouco de ar real e fecham seus portos, ilham-se. 



Vencendo a inércia da timidez – o que era incomum pois não era tímido – ele puxou conversa. Soube que ela não estava indo para a faculdade naquele momento – desceria no ponto seguinte -, e que trabalhava em uma agência de publicidade. Ele fez alguns comentários sobre o mercado de trabalho, a realidade daquela cidade, ainda atrasada em termos de publicidade profissional e de como sua profissão – jornalismo – é pouco valorizada. 



O ônibus se aproximou do ponto. Ela se levantou, abriu novamente o farto sorriso hipnótico e se despediu. Prometeram se falar, pessoalmente ou pelos meios eletrônicos. 



Ele seguiu viagem e, nos dias seguintes, fragmentado entre leituras e escritas, compromissos e outros afazeres que a vida lhe impunha, ardia...