Gerson Borgiando...


Sou assim, saudade de onde não pisei os pés cansados de estradas
onde caminho sem saber se além da curva mora um abraço
capaz de me acender a luz que o peito guarda tênue
como o entardecer mais cansado de desesperança.
Sou assim, começo o que já sei pode ser braçada
num mar onde naufragam minhas alegrias pequeninas
por serem de névoa ou de mera nuvem ou de pétalas roseas
do tom das flores que colho e perecem - tudo é vão, vaidade.
Sou demais um vai-e-vem de metafísicas auroras
cheias de luz e, noutros momentos, céu que se fecha, nublado, 
e cobre o sol do coração que tem de bater mas se nega
a sonhar de novo, querer de novo, amar de novo.
Sendo assim, homem de barro e medo, alegria e susto,
Preciso de Deus ou minha alma se estremece e chora
Preciso de Deus e de me saber amado
assim como sou, assim como estou
e tudo então é música.

Gerson Borges